Mesmo com o aumento de representatividade em quase todas as categorias e sendo maioria nos plenários e vice-presidências estaduais, nota-se uma redução nos percentuais de mulheres nas posições de presidência, que passou de 26 para 22%. Das 13 mulheres que se candidataram a presidências de CAU/UF, somente 6 foram eleitas, ou seja, menos da metade. Dentre os homens, por outro lado, 21 dos 25 candidatos foram empossados presidentes, ou seja 84% deles.
Se propor a um cargo de presidência não é uma tarefa simples para uma mulher, muito menos em períodos de pandemia. Segundo o IBGE, no terceiro trimestre de 2020, 8,5 milhões de mulheres deixaram o mercado de trabalho. No contexto da pandemia, as mulheres se sobrecarregaram ainda mais com afazeres domésticos e cuidados com outras pessoas – com o trabalho reprodutivo. Elas dedicam quase o dobro de horas semanais com essas atividades do que os homens.
Nas eleições de 2017, o estado de Santa Catarina inovou ao compor uma chapa integralmente feminina para as eleições do CAU. Em 2020, três estados repetiram esse feito: São Paulo, Mato Grosso do Sul e novamente Santa Catarina. A decisão de uma rede de mulheres em ocupar esses espaços decisórios na profissão, mesmo com maiores obstáculos do que os homens, fez com que o número de conselheiras estaduais eleitas para o triênio 2021-2023 (titulares e suplentes) aumentasse de 17% em relação à gestão anterior. As mulheres já são maioria na maior parte dos plenários estaduais.
Apesar desses avanços significativos, ainda há um caminho a ser percorrido. Comparando-se os percentuais das conselheiras estaduais titulares aos percentuais de arquitetas e urbanistas ativas, nota-se que em muitas unidades da federação elas ainda estão subrepresentadas.
Em quatro estados os percentuais de conselheiras titulares eleitas são menores do que a metade dos percentuais de arquitetas e urbanistas do estado : Bahia, Mato Grosso do Sul, Paraná e Maranhão. No Maranhão, enquanto as mulheres representam 60% dos profissionais ativos , o plenário possui somente 13% de representantes femininas